1 Simpsio Brasileiro Cidades Resilientes Gesto de resduos
1º Simpósio Brasileiro Cidades + Resilientes Gestão de resíduos da construção civil: Soluções para municípios de pequeno porte Gustavo Henrique Vital Gonçalves José da Costa Marques Neto Rodrigo Eduardo Córdoba 1
INTRODUÇÃO A construção civil é um dos setores mais importantes da economia, entretanto, se apresenta também como grande causadora de impacto ambiental, não somente pelo elevado consumo de recursos naturais, como também pela disposição inadequada de resíduos gerados. Boas práticas de reciclagem e reutilização de resíduos de construção podem impedir a perda de recursos valiosos para aterros (Barritt, 2016). O Brasil apresenta 5. 645 Municípios espalhados por todo território nacional dos quais 80% (oitenta por cento) desses possuem menos de 20 (vinte) mil habitantes, sendo considerados Municípios de pequeno porte e com pouca estrutura para manter um sistema de gestão de resíduos em patamares adequados do ponto de vista sanitário e ambiental (Brasil, 2018). Responsáveis pela geração de quase 30% dos resíduos sólidos municipais, a maioria carece de informações, dinheiro e quase sempre não possuem pessoal em número e nem contam corpo técnico qualificado para promoverem uma boa gestão dos seus resíduos. Prof. MSc Gustavo Vital Segurança do Trabalho 2
INTRODUÇÃO A deposição irregular de RCC traz prejuízos ao meio ambiente; causa obstrução de vias de tráfego e enchentes, devido ao assoreamento dos córregos e propicia a proliferação de vetores de doenças. O reaproveitamento de RCC é uma alternativa para diminuir o impacto ambiental desses resíduos. A prática é vantajosa em vários aspectos: reduz as chances de deposição em locais clandestinos e contribui para aliviar a pressão sobre aterros de inertes, cada vez mais saturados (Rahimi, Ghezavati, 2018) Para o gerador, representa custos menores com a destinação, além da possibilidade de reaproveitamento de materiais antes descartados e do emprego, na própria obra, de agregados reciclados, em substituição a novas matérias-primas extraídas do meio ambiente. Diante do exposto, esta pesquisa visa apresentar diversas soluções que podem ser implantadas em Orlândia-SP, com base na geração de RCC diária no município, podendo ser utilizadas como parâmetro em outros municípios de pequeno porte. Prof. MSc Gustavo Vital Segurança do Trabalho 3
MATERIAIS E MÉTODOS As etapas de desenvolvimento deste estudo dividem-se em duas fases: a primeira engloba o levantamento quantitativo, a classificação e caracterização dos resíduos de construção civil de Orlândia-SP; e a segunda, à proposição de alternativas tecnológicas para a destinação do RCC. A fase 1 do estudo está dividido, primeiramente, a caracterização qualitativa do RCC gerado: a composição dos RCC foi realizada no depósito de três das cinco empresas coletoras do município. Foi selecionada uma caçamba em cada um dos depósitos. De cada caçamba, foram selecionadas 5 amostras de 18 litros, totalizando 90 litros. As amostras foram captadas de diferentes pontos da caçamba, abrangendo todo seu espaço físico. Os materiais foram limpos e separados por tipo. Com uma peneira de areia, os materiais de maior granulometria foram separados de menor granulometria e, após essa etapa, efetuou-se a pesagem. Após se conhecer a composição do RCC gerado no município estudado, foram apresentadas as soluções disponíveis para a destinação correta desse material e podem ser aplicados em municípios com as mesmas características construtivas. Prof. MSc Gustavo Vital Segurança do Trabalho 4
RESULTADOS Indicadores básicos do município O município de Orlândia localiza-se na região norte do Estado de São Paulo e conta com uma população aproximada de 43. 754 habitantes (IBGE, 2018) e área de 291, 765 km². No município o setor agroindustrial e o de comércio predominam na sua economia, e conta com PIB per capita de R$ 19 681, 29, IDH de 0, 824 e taxa de alfabetização de 92, 91%. Composição dos RCC do município de Orlândia A caracterização qualitativa é uma das etapas mais importantes para se chegar a um diagnóstico da situação dos RCC em qualquer município. A tipologia e o percentual dos materiais encontrados nos resíduos são um indicador fundamental na proposição de estratégias para o plano de gestão e gerenciamento, conforme proposto na Resolução CONAMA nº 307/02. A Tabela 1 apresenta as massas de cada material encontrado nos RCC das caçambas pesquisadas. Prof. MSc Gustavo Vital Segurança do Trabalho 5
RESULTADOS Tabela 1: Massa dos materiais encontradas nas caçambas Massa dos materiais (kg) Materiais Caçamba 1 (90 litros) Caçamba 2 (90 litros) Caçamba 3 (90 litros) Total (270 litros) Concreto 36, 7 12, 5 79, 5 128, 7 Argamassa 14, 4 40, 4 - 44, 8 Cerâmica 20, 8 14, 0 Areia/solo 22, 9 22, 3 11, 8 57, 0 Pedra 7, 6 4, 5 5, 7 17, 8 Cerâmica Polida 1, 9 9 - 10, 9 Madeira 0, 5 2, 4 - 2, 9 Ferro - 0, 9 3, 0 3, 9 Plástico - 0, 2 1, 3 1, 5 0, 6 0, 4 - 1, 0 105, 4 96, 6 101, 3 303, 3 Papel/Papelão Total Prof. MSc Gustavo Vital Segurança do Trabalho 34, 8 6
RESULTADOS Figura 1: Composição percentual dos RCC gerados 1, 0% 1, 3%0, 3% 3, 6% 0, 5% 5, 9% 42, 4% 18, 8% 11, 5% 14, 8% Prof. MSc Gustavo Vital Segurança do Trabalho Concreto Argamassa Cerâmica Areia/Solo Pedra Cerâmica Polida Plásticos Madeira Metais Papel/Papelão 7
RESULTADOS Usina de reciclagem de RCC As usinas recicladoras de resíduo de construção classe A, ou fração mineral, devem ser projetadas, implantadas e operadas de acordo com diretrizes contidas na norma técnica ABNT NBR 15114/2004. Resíduos sólidos da construção civil. Áreas de reciclagem. Diretrizes para projeto, implantação e operação. A norma define área de reciclagem de resíduos da construção como “área destinada ao recebimento e transformação de resíduos da construção civil classe A, já triados, para produção de agregados reciclados”. A usina deve ser projetada, implantada e operada seguindo-se cuidados básicos para evitar que cause transtornos e danos ambientais. Os seguintes cuidados devem ser observados para implantação de uma usina: isolamento, identificação, segurança, sistema de proteção ambiental e o plano de Controle de Recebimento de Resíduo. Além disso, os impactos do aterro devem ser minimizados, buscando-se a aceitação da população de entorno e respeitando-se a legislação de uso do solo e ambiental. Prof. MSc Gustavo Vital Segurança do Trabalho 8
RESULTADOS Figura 2: Representação esquemática de uma usina de reciclagem de resíduos da construção civil Fonte: BOHNENBERGER et. al, 2018 Prof. MSc Gustavo Vital Segurança do Trabalho 9
RESULTADOS Britador móvel As plantas de britagem móveis são usinas que podem ser deslocadas, podendo, inclusive, serem compartilhadas entre municípios, mostrando uma excelente alternativa para pequenos municípios. Como benefícios esses britadores proporcionam a eliminação de custos com sucessivas montagens, desmontagens e transportes, podendo ser facilmente transportadas, utilizando pouca mão de obra, além de diminuir o tempo para instalação e remoção, podendo ser instaladas em pequenas áreas (Figura 3). Prof. MSc Gustavo Vital Segurança do Trabalho 10
RESULTADOS Área de transbordo e triagem Com o intuito de segregar o RCC e dar-lhe a destinação correta, é proposto a implantação de uma Área de Transbordo e Triagem (ATT). Os volumes armazenados nos ecopontos são posteriormente encaminhados para as áreas de transbordo e triagem, que também recebem os volumes dos grandes geradores, para reciclagem e/ou beneficiamento. Segundo a NBR 15112, área de transbordo e triagem de resíduos da construção civil e resíduos volumosos (ATT) é uma “área destinada ao recebimento de resíduos da construção civil e resíduos volumosos, para triagem, armazenamento temporário dos materiais segregados, eventual transformação e posterior remoção para destinação adequada, sem causar danos saúde pública e ao meio ambiente”. Segurança do Trabalho Prof. à MSc Gustavo Vital 11
RESULTADOS Área de transbordo e triagem Com o intuito de segregar o RCC e dar-lhe a destinação correta, é proposto a implantação de uma Área de Transbordo e Triagem (ATT). Os volumes armazenados nos ecopontos são posteriormente encaminhados para as áreas de transbordo e triagem, que também recebem os volumes dos grandes geradores, para reciclagem e/ou beneficiamento. Segundo a NBR 15112, área de transbordo e triagem de resíduos da construção civil e resíduos volumosos (ATT) é uma “área destinada ao recebimento de resíduos da construção civil e resíduos volumosos, para triagem, armazenamento temporário dos materiais segregados, eventual transformação e posterior remoção para destinação adequada, sem causar danos saúde pública e ao meio ambiente”. Segurança do Trabalho Prof. à MSc Gustavo Vital 12
RESULTADOS Ecoponto Outra alternativa para gestão de RCC seria a criação de uma rede de captação de resíduos no município, baseando-se na proposta de Pinto (1999). A proposta para o munícipio se baseia na criação de pontos de entrega voluntária ou ecopontos, estrategicamente instalados em pontos mais críticos de geração de resíduos para recebimento voluntário de pequenos volumes, bem como na viabilização do fluxo correto dos resíduos, afim de facilitar a reciclagem e o descarte correto do RCC. O ecoponto é uma área de transbordo e triagem de pequeno porte, destinada à entrega voluntária de pequenas quantidades de resíduos de construção civil, resíduos volumosos e resíduos de coleta seletiva (Figura 5). Prof. MSc Gustavo Vital Segurança do Trabalho 13
CONCLUSÃO As disposições irregulares acarretam impactos ambientais para o solo, água e ar, e ocasionam prejuízos econômicos para o serviço público de limpeza, o qual executa um sistema de gestão corretivo, por meio da limpeza periódica destes locais, com a finalidade de evitar a proliferação de vetores, degradações ambientais, bem como para garantir o bem estar da população. A reciclagem foi proposta neste estudo como uma possível solução para o RCC gerado, possibilitando uma destinação correta para esses resíduos. A implantação de ecopontos e áreas de transbordo e triagem permite a diminuição do volume de resíduos sólidos descartados em áreas públicas e demais locais irregulares. A reciclagem também se mostra um investimento interessante do ponto de vista financeiro para as Prefeituras, pois os custos de implantação e operação são compensados pela redução da necessidade de coleta e deposição do resíduo depositado ilegalmente e pela substituição de agregados naturais para consumo nas obras da municipalidade pelo agregado reciclado. Tendo em vista a inevitável geração dos Resíduos de Construção civil, a implantação de um sistema de gestão é importante no sentido de superar os cenários de degradação do meio ambiente e da utilização descontrolada de recursos naturais que deveriam ser preservados. Prof. MSc Gustavo Vital Segurança do Trabalho 14
REFERÊNCIAS _____. NBR 15. 112. (2004). Resíduos da construção civil e resíduos volumosos - área de transbordo e triagem - diretrizes para projetos, implantação e operação. 7 p. Associação de Normas Técnicas: Rio de Janeiro. _____. NBR 15. 114. (2004). Resíduos da construção civil – Áreas de reciclagem – Diretrizes para projeto, implantação e operação. 7 p. Associação de Normas Técnicas: Rio de Janeiro. ABRELPE, Empresas Associadas. (2018). Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil. São Paulo, 2018. Disponível em: <http: //www. abrelpe. org. br/Panorama/panorama 2018. pdf >. Acesso em: 29 de mar 2020. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 307, de 5 de julho de 2002: Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil. Diário Oficial da União, Brasília, DF, n. 136, p. 9596, 17 jul. 2002. BARRITT, J. (2016). An overview on recycling and waste in construction. Proceedings of Institution of Civil Engineers: Construction Materials, Vol. 169(2), pp. 49 -53. BRASIL. Caixa Econômica Federal – CEF. (2005). Manejo e gestão de resíduos da construção civil. Brasília: Caixa, 194 p. BOHNENBERGER, J. C. ; PIMENTA, J. F. de P. ; ABREU, M. V. S. ; COMINI, U. B. CALIJURI, M. L. ; MORAES, A. P. de; PEREIRA, I. da S. (2018). Identificação de áreas para implantação de usina de reciclagem de resíduos da construção e demolição com uso de análise multicritério. Ambiente Construído, Porto Alegre, vol. 18 n. 1 Porto Alegre. CHEN, Q. ; ZHANG, Q. ; QI, C. ; FOURIE, A. ; XIAO, C. (2018). Recycling phosphogypsum and construction demolition waste for cemented paste backfill and its environmental impact. Journal of Cleaner Production. 186. CÓRDOBA, R. E. Estudo do sistema de gerenciamento integrado de resíduos de construção e demolição do município de São Carlos - SP. 406 p. Dissertação (Mestrado em Hidráulica e Saneamento). Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo, São Carlos, 2010. Prof. MSc Gustavo Vital Segurança do Trabalho 15
REFERÊNCIAS INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA. Orlândia-SP. 2018. Disponível em: < https: //cidades. ibge. gov. br/brasil/sp/orlandia/panorama >. Acesso em: 01 abr. 2020. MARQUES NETO, J. C. (2005). Gestão dos resíduos de construção e demolição no Brasil. São Carlos: RIMA, 162 p. RAHIMI, M. ; GHEZAVATI, V. (2018). Sustainable multi-period reverse logistics network design and planning under uncertainty utilizing conditional value at risk (CVa. R) for recycling construction and demolition waste. Journal of Cleaner Production, Vol. 172, pp. 15671581. RAMANATHAN, C. ; NARAYANAN, S. P. ; IDRUS, A. B. (2012). Construction delays causing risks on time and cost-a critical review. Construction Economics and Building, v. 12, n. 1, p. 37 -57. SIEFFERT, Y. ; HUYGEN, J. M. ; DAUDON, D. (2014). Sustainable construction with repurposed materials in the context of a civil engineering–architecture collaboration. Journal of Cleaner Production, Vol. 67, pp. 125 -138. SINDUSCON CE. Manual sobre os resíduos sólidos da construção civil. Fortaleza, 2011. Disponível em: <http: //www. sindusconce. org/ce/downloads/pqvc/Manualde. Gestao-de-Residuos-Solidos. pdf>. Acesso em 15 agost 2020. TAVIRA, J. ; JIMENEZ, J. R. ; CARVALHO, M. T. ; EVANGELISTA, L. , DE BRITO, J. (2018) Recycling screening waste and recycled mixed aggregates from construction and demolition waste in paved bike lanes. Journal of Cleaner Production, 190. Prof. MSc Gustavo Vital Segurança do Trabalho 16
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