1 Semestre de 2019 Marcos Luiz Mucheroni CBD
1º. Semestre de 2019 Marcos Luiz Mucheroni CBD – Escola de Comunicações e Artes www. marcosmucheroni. pro. br/blog Universidade de São Paulo, São Paulo mucheroni. marcosl@gmail. com Escola de Comunicações e Artes – CBD
l l As bases iniciais a Recuperação da Informação, a Cibernética e a Teoria Matemática da Comunicação, a Classificação e a Informátika soviética. Problema da área: construir um modelo robusto para o campo e aumentar a precisão e velocidade das práticas de organização, tratamento e recuperação da informação em ciência e tecnologia. Escola de Comunicações e Artes – CBD
l l O termo “paradigma físico” foi definido como aquele em que se supõe “[. . . ] que há algo, um objeto físico, que um emissor transmite a um receptor”, tendo por modelo a teoria da informação de Claude Shannon, mas este modelo era restrito demais. Ficam excluídos os aspectos semânticos e pragmáticos da informação, caracterizados pela busca de uma linguagem e algoritmo ideais para ordenamento e recuperação da informação (CAPURRO, 2003). Além disto os outros campos: o paradigma cognitivo e social tornam-se estanques, é impossível discutir apenas um sem tocar nos outros dois. Mas afinal o que é um paradigma ? Dois dos maiores estudiosos da ciência (epistemologia científica) Thomas Khun e Karl Popper estudaram a fundo o que é um paradigma: “. . . aqueles episódios de desenvolvimento não cumulativo nos quais um paradigma mais antigo é total ou parcialmente substituído por um novo, incompatível com o anterior” (KHUN, 1998, p. 125) Khun, T. “A estrutura das revoluções científicas. ” Col. Debates. São Paulo: Perspectiva, 1998. Escola de Comunicações e Artes – CBD
l O QUE É A ABORDAGEM NO PARADIGMA FÍSICO*: 1945 – Vannevar Bush - As we may think 1948 - Claude Shannon - Teoria Matemática da Comunicação, e 1948 - Norbert Wiener – A Cibernética 1951 - Calvin Moores cunha o termo Recuperação da Informação (RI) 1957 - os experimentos realizados no Cranfield Institute of Technology, medir num sistema computadorizado recuperação da informação, valores de recall (revocação) e precision (precisão), relação ao sistema de indexação (Saracevic, 1995), (Capurro, 2003). 1970 - foco principal o usuário e seu conhecimento individual, dá origem 1977 - Paradigma Cognitivo, emerge na Conferencia de Copenhague. SARACEVIC, T. Interdisciplinary nature of information science. Ciência da Informação, Brasília, v. 24, n. 1, p. 36 -41, 1995. * O paradigma físico também pode ser pensado como uma abordagem, para alguns autores Abordagem Matemática e Documentalista. Escola de Comunicações e Artes – CBD
Definições ancoradas na Teoria Matemática da Comunicação “Por informação [. . . ] entende-se a redução da incerteza. ” (WERSIG apud ROBERTS, 1976, p. 251, tradução nossa). “A informação soluciona ou reduz a incerteza” (YOVITS; WHITTEMORE apud ROBERTS, 1976, p. 253, tradução nossa). "[. . . ] quantidade de informação necessária, em uma dada situação, para remover a incerteza (BOYCE; KRAFT, 1989, p. 156, tradução nossa). Se “[. . . ] alguém seleciona uma mensagem de uma fonte de n mensagens [. . . ] H [incerteza] mede também a quantidade de informações por mensagem” (RAPOPORT, 1970, p. 14, tradução nossa); A comunicação “[. . . ] atividade de enviar padrões de sinais apropriados a um meio físico, particular de comunicação, de modo a indicar escolhas, realizadas a partir de um conjunto específico de mensagens [. . . ]” (FAIRTHORNE, 1970, p. 34, tradução nossa). OBSERVAÇÃO: isto será importante para considerer a informação como “sinal” na teoria de Shannon com consequências no mundo digital. FERNANDES, G. F. Desempacotando o paradigma físico da Informação. LOGEION: Filosofia da informação, Rio de Janeiro, v. 4 n. 2, p. 100 -119. mar. /ago. 2018. Escola de Comunicações e Artes – CBD
Termos da Teoria Matemática: sinais, transmissão, receptores, mensagens etc. A comunicação é a “[. . . ] atividade de enviar padrões de sinais apropriados a um meio físico, particular, de comunicação, de modo a indicar escolhas, realizadas a partir de um conjunto específico de mensagens [. . . ]” (FAIRTHORNE, 1970, p. 34). “Todas as diferentes formas de processar informação podem ser realizadas por execuções seriadas de umas poucas e elementares operações [. . . ] e a informação, em todas estas diferentes formas, pode ser transmitida por um único e mesmo processo [. . . ]” (OTTEN; DEBONS, 1970, p. 90). Escola de Comunicações e Artes – CBD
l l l Capurro que divide didaticamente Paradigmas: Físico, Cognitivo e social. Cognitivo: 1980 - N. Belkin - Estado Anômalo de Conhecimento (Anomalous State of Knowlwdge – ASK), teoria que busca da informação função de publicação, 1980 - B. C. Brookes da Equação da Ciência da Informação, baseou-a na epistemológica de Karl R. Popper (1999) e seus três mundos: o físico (mundo 1), da mente/consciência (mundo 2), ideias intelectuais (3) Social: 1992 - Frohmann (1992) adota a abordagem social em contraposição à cognitiva. Ressalta como o ponto focal dessa análise, a valorização do conhecimento prévio que o usuário possui, socialmente influenciado por seu meio, exaltando suas características sócio-comportamentais. Assim o Paradigma Social apresenta-se como a abordagem social, mas … Abordagem hermenêutica/ontológica emergiu e aspectos a partir da análise de redes e mídias sociais, e também o contexto psicopolítico é preciso analisar. Escola de Comunicações e Artes – CBD
Rafael Capurro e Birger HjØrland “Questionar a terminologia moderna, olhar mais de perto a relação entre as evidências, os significados e referências e prestar atenção a mudanças de contextos históricos pode nos ajudar a compreender como os usos do presente e do futuro estão interligados”. Informação l ato de moldar a mente; (in-formar) – “aspecto” cognitivo. . . l ato de comunicar conhecimento. – não “é” o próprio. Escola de Comunicações e Artes – CBD
Rafael Capurro e Birger HjØrland Raízes Latinas e Origens Gregas In refere-se a um contexto biológico. Informio e informatio referem-se a contextos biológico, pedagógico, moral, epistemológico e ontológico. Prolepse e ideas, a fim de descrever a ação ativa e uma ação da mente mostrado algo desconhecido ou ajudando a mente, mente como parte da ars memoriae, para relembrar uma situação passada através da representação pictórica de uma sentença. (veja o sentido correto de ideia, que não é “idealismo”) Escola de Comunicações e Artes – CBD
Rafael Capurro e Birger HjØrland Usos Modernos e Pós-modernos Informio e informatio transformam-se em informação, mantendo seu significado informação epistemológico. O processo de informar Dar vida ao que já existe (forma substancial) Criação da informação através da linguagem (comunicar algo a alguém) Escola de Comunicações e Artes – CBD
Rafael Capurro e Birger HjØrland Usos Modernos e Pós-modernos De mundo (objetividade) objetividade para consciência (subjetividade). subjetividade De união para unidades A informação passou a ser fragmentada Estrutura – Coisa Forma – Substância Ordem Intelectual – Impulsos Sensoriais Escola de Comunicações e Artes – CBD
Rafael Capurro e Birger HjØrland Informação como um Conceito Interdisciplinar Reivindica uma Teoria Unificada da Informação Adjetivar (significante) o substantivo (significado) para comunicar algo a alguém. Visões: Naturalista, Semântica, Cibernética, entre outras. Transdisciplinar: Visão realmente humanística: Humanidades Digitais, mas … faltam conceitos consistentes ainda “Humanities” Escola de Comunicações e Artes – CBD
Rafael Capurro e Birger HjØrland Informação como um Conceito Interdisciplinar Rehumanizar o conceito de informação, isto é, colocá-lo em um contexto cultural. Dimensão Ontológica (Visão Humanista) Ontologia das raízes da palavra Informação. Dimensão Moderna (Visão Sistêmica) Ontologia comunicativa – Conhecimento comunicado. Escola de Comunicações e Artes – CBD
Rafael Capurro e Birger HjØrland Conceito de Informação nas Ciências Naturais Baseado no modelo de Shannon e Weaver. Informação Interpretada Depende de um contexto para comunicar algo. Informação tem que ter forma e carregar significado (a importância da linguagem). Informação relaciona-se com evolução (Abordagem Evolutiva da Informação). Escola de Comunicações e Artes – CBD
Rafael Capurro e Birger HjØrland Conceito de Informação nas Ciências Naturais Nesta abordagem, os antecedentes históricos e temporais são irrelevantes (particulariza-se a realidade, que é situacional). situacional Trilema de Capurro (FLEISSNER; HOFKIRCHNER) Relações dos conceitos de informação com as teorias que influenciaram a Ciência da Informação: Relações Análogas; Análogas Relações Equívocas; Equívocas Relações Unívocas Uma Teoria Unificada de Informação deve levar em consideração o processo dinâmico da evolução Escola de Comunicações e Artes – CBD
Rafael Capurro e Birger HjØrland Conceito de Informação nas Ciências Humanas Baseado no paradigma do processamento da informação na Psicologia Cognitiva. Interpretação e Seleção A interpretação da mensagem pelo sujeito, a partir da seleção, pode modificar o estado de conhecimento. Informação Pura É a informação que não conhecimento do sujeito. modifica o estado de Informação Incremental É a informação que carrega valor informativo (significado) capaz de modificar o estado de conhecimento do sujeito (gerada pela situação). Escola de Comunicações e Artes – CBD
Capurro cita Locke para enfatizar a visão empirista: “A existência de nada além de nós, exceto de Deus, pode certamente ser conhecida antes que os nossos sentidos nos informem” (Locke apud Capurro, 2007, pag. 159) E partindo disto descreve que “Sob a tutela do empirismo, a informação gradualmente moveu-se da estrutura para a essência, da forma para a substância, da ordem intelectual para os impulsos sensoriais. ” (Capurro, idem) Teoria da Informação x Teoria do Conhecimento Escola de Comunicações e Artes – CBD
Confusão entre Informação e Conhecimento E assim conclui: “Aqui concluiremos que os usos modernos do termo de informação indicam um período de transição no qual o conceito ontológico medieval de moldar a matéria não apenas foi abandonado, mas refeito sob premissas empíricas e epistemológicas. ” (Capurro) O conceito de informação em Capurro: “Durante a Idade Média, informatio e informo foram comumente usados nos sentidos epistemológicos, ontológicos e pedagógicos mencionados por vários autores” (Capurro, 2007, pg. 157) e ele indica seu próprio trabalho (entre outros): Informação (tese de Doutorado) München, New York, London, Paris: Saur Verlag 1978. Escola de Comunicações e Artes – CBD
“Há treze anos atrás eu fiz uma investigação das raízes etimológicas do termo informação (CAPURRO, 1978). Eu redescobri que as teorias chave da ontologia e da epistemologia gregas, baseadas nos conceitos de typos, idéa e morphé, estavam na origem do termo latim informatio. Tais conotações foram mantidas através da Idade Média, mas desapareceram quando a ontologia escolástica foi substituída pela ciência moderna. Desde aproximadamente o século XVI encontra-se o termo information nas línguas cotidianas do francês, inglês, espanhol e italiano, com o sentido que usamos hoje: ‘instruir, fornecer conhecimento’, sendo que o significado ontológico de ‘dar forma a alguma coisa’ tornou-se mais obsoleta”. Escola de Comunicações e Artes – CBD
II – O que é paradigma l l l - l O conceito de paradigma (Thomas Kuhn, Karl Popper) “paradeigma” = exemplificar, mostrar uma coisa com referência a outra … no fundo … uma metáfora. “ciência normal” e “período revolucionário” três paradigmas da ciência da informação: físico, cognitivo, social Podemos de fato então falar de paradigma ? doxa (δόξα) (opinião) e episteme – (ἐπιστήμη) saber pleno ou o “conjunto discursivo histórico” (certeza) (? ? ) O conceito de informação é quase sempre epistêmico. Mas dito paradigmático, já é um equívoco. Então abordagem. Escola de Comunicações e Artes – CBD
Mas então o que é epistemologica. l A hermenêutica (Heidegger, Gadamer) l O racionalismo crítico (Popper, Khun e Lakatos) l A teoria crítica (Apel, Habermas) l Epistemologia e biología (a vida e não é “sistema”). l O construtivismo (von Foerster, Maturana/Varela) l A teoria dos sistemas (Luhmann) Escola de Comunicações e Artes – CBD
II – l l l - l O conceito de paradigma (Thomas Kuhn, Karl Popper) “paradeigma” = exemplificar, mostrar uma coisa com referência a outra … no fundo … uma metáfora. “ciência normal” e “período revolucionário” três paradigmas da ciência da informação: físico, cognitivo, social Podemos de fato então falar de paradigma ? doxa (δόξα) (opinião) e episteme – (ἐπιστήμη) saber pleno ou o “conjunto discursivo histórico” (certeza) (? ? ) O conceito de informação é quase sempre epistêmico. Mas dito paradigmático, já é um equívoco. Então Abordagem. Escola de Comunicações e Artes – CBD
Abordagem Paradigma Físico Científico Conjunto de técnicas ligadas a CI Neologicismo Recuperação da Informação, uso de suportes e equipamentos, Matemática e Documentalista Cognitiva Social Técnicas de preservação e acesso ao acervo. Cognitivo Filosofia da Mente, Cognitivismo e Linguagens Construcionist a Social Hermenêutica Filosofias sociais marxistas. Max Weber, Habermas Semiótica, Ontologia: Heidegger, Hans Gadamer Peter Sloterdijk Novas: Onto. Antropoté c -nicas Humanidades Escola de Comunicações e Artes – CBD Na perspectiva da ciência da Informação – Nicholas Belkin. Na neurociência António Damásio, na perspectiva Antropológica Terence Deacon e na Perspectiva da Inteligência Artificial Agentes Inteligentes. A grande questão do momento: o que é “consciência”. è Existe toda uma discussão ainda “aberta” a partir da perspectiva transdisciplinary. Autores que deveriam ser lidos mais a fundo: Hans Georg Gadamer Paul Ricoeur Peter Sloterdijk – Byung Chul Han
E assim conclui numa primeira parte: “Aqui concluiremos que os usos modernos do termo de informação indicam um período de transição no qual o conceito ontológico medieval de moldar a matéria não apenas foi abandonado, mas refeito sob premissas empíricas e epistemológicas” Capurro, 1978 Vídeo: Escola de Comunicações e Artes – CBD
BELKIN, N. J. Anomalous State of Knowledge as basis for information retrieval. The Canadian Journal of Information Science, Toronto, v. 5, p. 133 -143, 1980. BROOKES, B. C. The foundations of Information Science. Part I: Philosophical aspects. Journal of Information Science, Amsterdam, v. 2, p, 125 -133, 1980. BUSH, V. As we may think. Atlantic Monthly, v. 176, n. 1 p. 101 -108, 1945 CAPURRO, R. Epistemologia e Ciência da informação. In: V ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INf. ORMAÇÃO, 5. , Belo Horizonte, 2003. Anais. . . Belo Horizonte: Escola de Ciência da Informação da UFMG, 2003. CAPURRO, R. ; HJØRLAND, B. The concept of information. Annual Review of Information Science of Technology, New York, v. 37, p. 343 -411, 2003. FERNANDES, G. F. Desempacotando o paradigma físico da Informação. LOGEION: Filosofia da informação, Rio de Janeiro, v. 4 n. 2, p. 100 -119, 2018. FROHMANN, B. O caráter social, material e público da informação na contemporaneidade. In: VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação, 7. , 19 a 22 nov. 2006, Marília. Anais. Marília: ANCIB ; UNESP, 2006. KUHN, T. S. Estrutura das revoluções científicas. 7. ed. . São Paulo: Perspectiva, 2003. MUCHERONI, M. L. , ASHTOFFEN, R. O conceito fenomenológico- ontológico da informação: uma introdução teórica. In: XI ENANCIB, Brasilia, 2011 POPPER, K. Conhecimento objetivo: uma abordagem evolucionária. Tradução de Milton Amado. Belo Horizonte: ed. Itatiaia, 1999. Escola de Comunicações e Artes – CBD
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