1 Catalogao Lubetzky para alm dos fatores econmicos
1 Catalogação à Lubetzky: para além dos fatores econômicos e tecnológicos Por 4 Marcelo Nair dos Santos 4 Cristina Dotta Ortega Eixo temático: Novos rumos da catalogação
2 Introdução 4 frequentemente a Catalogação parece ser explicada mediante seus instrumentos, mas não quanto aos seus fundamentos; 4 a literatura de Catalogação é composta marcadamente por manuais que remetem ao uso dos instrumentos dessa área; 4 historicamente, discussões em Catalogação giram em torno da reestruturação dos registros em catálogo decorrente de mudanças tecnológicas e de fatores econômicos, com pouca atenção à reestruturação fundamentada em princípios mais sólidos; 4 a Catalogação precisa ser fundamentada de modo racional e metodológico, independentemente de modelos ou de normas, de maneira a tornar o processo mais coerente, eliminando procedimentos conflitantes ou circunstanciais.
3 O caso do título uniforme: 4 diversidade de propósitos: dispositivo de identificação [de obra], de diferenciação [de obras] ou de colocação [grupo de publicações] (AACR 2, apênd. D, p. 15); 4 tem condições variadas de uso; 4 aplicação subordinada à política local de catalogação; Em catalogação, tais incongruências poderiam ser evitadas ou, ao menos, reduzidas? 4 Seymour Lubetzky indicou caminhos mais racionais para que tais incongruências sejam reduzidas nos instrumentos do processo.
4 Objetivo e metodologia 4 analisar os estudos críticos de Lubetzky em Catalogação (de 1946 e 1960), que precederam a Conferência de Paris e o estabelecimento da primeira edição do AACR, de modo a compreender porque não foram considerados plenamente na elaboração de instrumentos normativos e na prática da catalogação. 4 Como metodologia, realizamos a leitura de textos de Lubetzky a fim de identificar e analisar as suas ideias sobre Catalogação.
5 Os estudos de Lubetzky 4 em 1951, Lubetzky examinou regra a 2. ed. do Código da ALA de 1949 (A. L. A. Cataloging Rules for Author and Title Entries); 4 em 1953, Lubetzky produziu um texto marcante intitulado “Cataloging Rules and Principles”, no qual uma das seções é assim nomeada: Is this rule necessary? [esta regra é necessária? ]; 4 Gorman (2000) identifica-a com o princípio da Navalha de Occam “as entidades não devem ser multiplicadas além da necessidade”; 4 Lubetzky perguntava-se: “[. . . ] A regra é parte de uma regra maior já presente no código? [. . . ]”. Assim ele presumiu que algumas regras foram concebidas circunstancialmente, causando redundâncias e elevado número de regras (LUBETZKY, 2001, p. 86, sem grifos originais).
6 “se regras especiais são necessárias para correspondências [. . . ], por que não haver também para diários, notas, lembranças, reflexões, endereços, ensaios, leituras e outras formas de fala e de escrita? ” (LUBETZKY, 2001, p. 89, tradução nossa, sem grifos originais).
7 Por um código à Lubetzky 4 A análise de Lubetzky foi bem recebida, e um Comitê de Revisão do Código da ALA (1949) foi composto, em 1954, com o objetivo de elaborar um código à Lubetzky; 4 Nesse ínterim, em 1960, no artigo intitulado ”Fundamentals of Cataloging”, Lubetzky (2001) apresenta as questões fundamentais que deveriam ser observadas quando se realiza a revisão de códigos de catalogação, ressaltando que tais regras devem considerar a distinção obra-livro.
8 4 razões de ordem financeira e tecnológica apontadas por instituições bibliotecárias impediram a efetivação de Código à Lubetzky; 4 é possível que tal situação tenha contribuído para a renúncia de Lubetzky ao cargo de coordenador do Comitê. A partir daí, os trabalhos do Comitê, sem sua participação, culminaram na primeira edição do AACR em 1967, que apresentava regras baseadas em casos específicos; 4 na segunda edição, o AACR 2, afirma Gorman (2000, p. 9), a distinção obra-livro ressaltada por Lubetzky foi observada, embora esteja implícita nas regras; 4 por isso, Gorman afirma ter participado de uma revolução lubetzkiana; 4 todavia entendemos que tal revolução nos parece ter ainda ocorrido plenamente nessa e nas três revisões deste Código: AACR 2 R (1988), AACR 2 R (1998) e AACR 2 R (2002).
9 Por que não catalogamos à Lubetzky? 4 em parte, por razões financeiras de custos de mudança; 4 Nesse âmbito, Yee (2000) aponta três respostas plausíveis, (1) porque havia (ou há) uma expectativa de se criar um recurso baseado em inteligência artificial capaz de catalogar sem a intervenção humana – confiança nos recursos tecnológicos; (2) em âmbito de OPACs, a insuficiência da estrutura de registro MARC adotada nos sistemas de gestão de bases de dados – estruturação dos registros; e (3) a dificuldade de atualização dos catálogos de sistemas de catalogação cooperativa.
10 Considerações finais 4 fatores econômicos e de custos da catalogação têm sido evocados há muito tempo para restringir a fundamentação da catalogação; 4 tivemos a oportunidade, lá atrás, de tornar a catalogação mais consistente em instrumentos como o AACR e o MARC, nos termos da abordagem racional e metodológica da catalogação proposta por Lubetzky opõe-se à catalogação empírica ou ad hoc; 4 A norma RDA, herdeira do AACR 2 R, está fundamentada nos Modelos FRBR, FRAD e FRSAD e parece ser mais estruturada que o AACR 2 R de 2002, mas tal estruturação deve ser observada quanto à sua validade, nos termos propostos por Lubetzky – a questão permanece “esta regra é necessária? ”; 4 Ao que parece, a RDA mantém algumas regras destituídas de fundamentação orientadora mais sólida, como é o caso do ponto de acesso representativo da obra, feito mediante a combinação de autor e título da obra, nos termos parecidos com a entrada por nome-título do AACR 2.
11 4 “novos rumos da catalogação” – SIM – mas sem esquecer das lições do passado – esta regra é necessária? ; 4 bastaria seguir a atitude de Lubetzky: examinar a catalogação mediante os FRBR e a RDA, questionando-os regra a regra, conceito a conceito, com atitude crítica, racional e metodológica; 4 se prescindirmos dos caminhos assinalados por Lubetzky para a elaboração de instrumentos normativos de catalogação, talvez necessitemos de muitas revisões, e continuará sendo assim até o momento em que tenhamos princípios orientadores de catalogação mais sólidos; 4 entendemos que os recentes avanços tecnológicos contribuem para viabilizar a catalogação fundamentada em princípios norteadores independente de limites impostos por fatores econômicos e tecnológicos.
12 Referências Listadas no artigo Muito obrigado!
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